Noite fresca com luar de sertão. Casa cheia no MPB Bar, em Maringá, para prestigiar o show da banda Charme Chulo, que acaba de lançar o seu segundo disco Nova Onda Caipira, firmando de vez a sonoridade inovadora do rock de viola. Com esse álbum, o grupo se destaca, neste início de década, como uma das forças motrizes do rock brasileiro independente.
A festa de três anos do Credencial foi um sucesso. Amplamente divulgada, lotou o bar de fãs do Charme Chulo, de músicos, universitários, jornalistas e blogueiros. Quando cheguei lá com a Pri, Vanessa e Raoni (estávamos tomando umas latinhas na casa deste último), meia noite e quarenta, o local estava visivelmente abarrotado de gente e com uma bela fila.
Só alegria. Raras vezes encontrei tantos amigos/conhecidos num evento - muitos deles, envolvidos de alguma forma no rock maringaense (e blogueiros!). Bruninho e Rannah, Gaba e Tomás (T-Recs), Thiago Soares, Gabriel e Chê (banda José Ferreira & Seus Amigos), Alexandre Gaioto (que me apresentou o gente-fina Fábio Mungo), Wilame Prado (cronista do O Diário), Renatão (banda Prof. Astromar & Os Caçadores de Lobisomen), Fernando (banda VI Geração da Família Palim), Murilo Benites (banda Os Bandidos Molhados), Jorge Mariano, Flávio Silva (Sonic Flower), Raphão (programa Filé com Fritas)... além de diversos amigos de boteco. Enfim, todo mundo estava lá no espírito: se divertir e ouvir o excelente novo trabalho da banda Charme Chulo.
Os chulos de boteco: Rony (bateria), Luciano (baixo), Igor (vocal) e Leandro (guitarra e viola)
Depois da abertura da banda Rádio Pandas e da apresentação de Jany Lima, os curitibanos subiram no palco, sob muitos aplausos e gritos, e iniciaram o show com a bela música As Três Marias, do disco novo. Na sequência, mandaram Fala Comigo, Barnabé, que foi muito cantarolada pela galera que já estava acompanhando as músicas do disco novo pelo MySpace. Muitos aplausos. Muita alegria. Todos dançando com suas garrafas de Heineken ou Antártica Original na mão. Depois, colocando o bar inteiro em uma só voz, tocaram Barretos, do primeiro disco - uma das melhores músicas da banda. E assim o show presseguiu, misturando músicas do álbum novo, tais como Brasil Sacanagem, Rádio AM, Galo Maringá e a incrível prosa urbana Moda do Acerto, com as conhecidas músicas do álbum de estreia Amor de Boteco - um dos pontos altos do show, Piada Cruel, que contou com um belo verso em falsete do vocalista Igor e Mazzaropi Incriminado, talvez a música mais conhecida do grupo e a quem tem o melhor vídeo-clipe.
Era clara a alegria de Igor, Leandro e Rony em tocar. Em muitos momentos do show, naqueles em que todos cantavam em uníssono, os rapazes se emocionavam e trocavam sorrisos. Eles sabiam que estavam em casa. Ou se não sabiam até aquele momento, perceberam que o público maringaense contempla sim o Charme Chulo.
Quanto à performance, Igor Filus se destacou e roubou a cena. Ele cantou muito bem, dançou, tocou pandeiro, tocou gaita, ajoelhou, rezou, se fingiu de morto e se movimentou pelo palco como quem domina aquilo que faz. Talvez Igor seja um dos mais emblemáticos frontman do cenário brasileiro. Seu corpo franzino, suas roupas esdrúxulas, seu cabelo encaracolado e olhar sincero conferem a ele um carisma indecifrável.
Leandro Delmônico também dominou a viola e a guitarra. Tocou muito bem e manteve-se afinado em todas as segundas vozes. Além disso, comunicava-se com a platéia, trocando comentários e piadas. Quanto à cozinha da banda (baixo e bateria), deram todo o ar dançante da levada pós-punk, fazendo com que todos lá no bar se movimentassem de alguma maneira, seja batendo o pézinho no chão de forma discreta, seja dançando livremente.
Ao fim do show, foram extremamente ovacionados. Todos queriam mais e expressam seus desejos aos gritos de "Mais um! Mais um!". A banda, generosa, voltou rapidamente ao palco e lá executou mais dois hits do disco homônimo: A caminho das luzes e Polaca Azeda, fechando a porteira no melhor estilo caipira.
Após o show, conversei com Igor Filus, que me assinou o disco Nova Onda Caipira que comprei por dez reais. Também troquei uma boa ideia com o batera Rony, que me disse estar super contente com o resultado deste segundo disco. Todos da banda parecem estar ansiosos com 2010 e com a possível consagração da banda no cenário nacional.
Pessoalmente, acho que falta muito pouco. Não custa muito para o Brasil acordar para a genialidade deste grupo, que há seis anos vem construindo a ideia do sincretismo entre a música regional/caipira e o rock oitentista.
Que pelo menos o Paraná ouça o canto deste galo, ecoando da gélida capital.
Charme Chulo é mesmo genial, Zanatta! Porra, que belo show. É sempre emocionante.
ResponderExcluirAbração, canalha!
faltou o cover da família palim.
ResponderExcluiro foda de quando se vê uma coisa em seu ápice é que vc tem a certeza: daqui pra frente, é só ladeira abaixo. não que o show tenha sido ruim! pelo contrário, eu adorei. mas é que em 2007 os caras fizeram um show digno do título de heroísmo, na velvet. aí virou parâmetro. perto dele, o resto fica na sombra. o show não me convenceu de comprar o cd novo, mas tô faceiro aqui com meu cd autografado. pessoal do charme chulo, eu não conheço vcs, mas muito obrigado pelo maravilhoso trabalho. a melancolia do neon me salva aos domingos.
maravilhoso o show!
ResponderExcluirgosto muito deles ao vivo!
a primeira vez q os vi foi no pub! não tinha quase ninguém e pensei: meu!! aquele cara é um artista! (falando do igor performático!)
são bons dmais!!!! mesmo! singular! d uma genialidd (como vc disse) admirável! letras muito boas!
recomendo sempre às pessoas!
mas pedir pra eles mudarem pra mgá?!! (vide twitter)
um dia preciso t falar sobre as angústias d mgá! rsrs
legal seus registros no blog!
legal!! abraços d uma maringaense "sem orgulho" rs (q nda! sou do interiorrzão! moro aki há 10 anos!! hehe)
Não precisa nem falar, Dali. Depois de um ano morando em Londres senti o impacto do marasmo maringaense de forma intensa com a ausência de diversidade cultural no interior do Estado.
ResponderExcluirMas mesmo assim, não deixo de amar essa cidade, nem esse país. Há uma possibilidade (bem pífia, admito, mas há), de mudarmos um pouco as coisas por aqui.
Os ingleses invejam nossos dias de sol.