Nos últimos anos, não me lembro de ter visto a Rua Prof. Lauro Werneck ocupada de estudantes (tal como na foto acima), a não ser em razão das famosas festas que aconteciam em época de vestibular em frente ao "Pilekinho", nas quais jovens de todo o Brasil se reuniam neste local para tomar cerveja e destilados - período de farra que foi encerrado em razão da pressão da Associação dos Moradores da Zona 7.
Para quem não sabe, a foto acima ilustra a passeata pela educação promovida pelos acadêmicos da Universidade Estadual de Maringá, que desde o dia 25/08 ocupavam a reitoria da instituição em protesto contra a precarização do ensino público paranaense (cf. Rultimado na UEM).
Escrevo ocupavam, pois hoje os estudantes desocuparam a reitoria, comemorando a vitória do protesto e do ultimato dado às 09h30 da manhã desta sexta-feira. Um dia antes, os dirigentes da ocupação se reuniram com a reitoria, que anunciou ter acatado todas as exigências do movimento. Eis a nota publicada ontem no blog da ocupação: "Para quem não ouviu na rádio e não viu no facebook, a reunião com a reitoria acabou e... tudo foi acatado! Inclusive as garantias do governo do Estado, com quem a reitoria conversou nesta manhã".
O protesto chegou ao fim e muitos já comemoram nas redes sociais.
A princípio, a proposta da reitoria de acatamento sinaliza uma vitória parcial dos estudantes. A questão é saber se a promessa de repor o corte de 38% das verbas de custeio das universidades estaduais, contratar professores e construir mais um RU é possível. Aliás, como a universidade fará isso?
A resposta do Reitor soa mais como estratégia de estabilização dos conflitos. Como resultado, os dois lados saem ganhando: (i) a reitoria, por conseguir a desocupação e a volta à normalidade do funcionamento burocrático da administração, e (ii) os estudantes, por acreditarem que mudanças efetivas estão a caminho e por mostrarem que possuem força para exigirem suas reivindicações.
Não obstante a possibilidade de fracasso das demandas formalizadas, uma positiva conclusão pode ser extraída: o movimento estudantil renasceu e já marcou o mês de agosto de 2011 como um dos mais simbólicos na luta contra o sucateamento das universidades públicas no Brasil.
Em tempos de progressiva despolitização (ou mesmo anemia política), este já é um fato digno de celebração.
Rafael, como sempre seus textos estão muito bons.
ResponderExcluirO que ocorreu na UEM, na ultima semana foi uma das maiores mobilizações da história da universidade.
Durante minha graduação e a pós graduação, eu jamais havia visto algo daquele modo. Foi algo inesquecível, e esperamos que seja apenas um marco inicial para a universidade.
Ela precisa de mais combatividade.
Faço das suas as minhas palavras. A atuação dos estudantes é digna de celebração, e muita celebração, diga-se de passagem, já que a tempos não víamos um movimento estudantil tão engajado. Os estudantes estão de parabéns, sem dúvida.
ResponderExcluirE agora, que se façam cumprir as promessas.