Coronavírus: diário paulistano #2


Ruas pouco movimentadas. Clima de feriado. Sensação de final de ano. Essas foram algumas das impressões da primeira segunda-feira após o anúncio de medidas drásticas de isolamento social e de enfrentamento do Coronavírus em São Paulo.

Não fui ao centro da cidade, Faria Lima ou região da Paulista, portanto é difícil dizer exatamente como a cidade estava. Assim como milhões de pessoas em São Paulo, trabalhei de casa e passei boa parte do dia dentro do apartamento. Peguei um táxi no período da tarde, para levar meu filho mais novo no pediatra -- por volta das 17h30 --, e o taxista me informou que aquela era sua segunda corrida no dia. O movimento está fraquíssimo e tende a ficar ainda mais fraco. As ruas vão esvaziar ainda mais.

Além do esvaziamento das ruas, há um esvaziamento completo da noção de estadista por parte do Presidente da República. Não que houvesse algo antes do Coronavírus. Porém, com a espalhafatosa ida de Bolsonaro aos protestos de 15 de março -- os protestos "pro AI-5", "Contra o Congresso e o STF" e "em defesa do Brasil" --, o clima azedou de vez. O professor Miguel Reale Jr., que foi Ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, defendeu que uma junta médica faça uma avaliação da capacidade mental do Presidente da República. A deputada estadual Janaina Paschoal, também professora da Universidade de São Paulo -- e também uma das autoras do pedido jurídico de impeachment da Presidente Dilma Rousseff, assim como Reale -- fez um discurso bastante exaltado na Assembleia Legislativa de São Paulo e pediu a saída de Bolsonaro. "O que o presidente da República fez ontem é inadmissível, injustificável, indefensável. É crime contra a saúde pública. Desrespeitou o seu ministro da Saúde. Esse senhor tem que sair da presidência da República", sustentou Janaina no púlpito.

A incapacidade de Bolsonaro, de fato, virou piada, o que é trágico. Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, publicou uma foto de uma reunião com as principais lideranças políticas para pensar em medidas de enfrentamento do Covid-19. Na foto nota-se a presença de Luiz Henrique Mandetta, Dias Toffoli, Rodrigo Maia e Alcolumbre. E nada do Presidente da República. Como reporta a Folha, o clima é belicoso e há rumores de impeachment.

No Brasil, o número de casos passou para 250 e há notícias de crianças em atendimento diante de complicações pulmonares. O jovem Prefeito Bruno Covas, que enfrenta longa batalha contra o câncer, decretou emergência pública na capital paulista.

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