Prefácio da 15ª edição

"As eras históricas de transição são profundamente dolorosas, como ocorreu do Mundo Antigo à Idade Média. Elas são longas porque nos fazem sofrer apesar de não serem tão longas como os chamados períodos estáveis. Na verdade, existe no ser humano um desejo de segurança inalcançável.

O período histórico que estamos vivendo gera uma profunda ansiedade que atinge a toda família, inclusive os filhos pequenos. É que ele pratica um verdadeiro crime: a elevadíssima taxa de desemprego. O que tem desestruturado os lares a as famílias, criando a denominada família-canguru. A renda se concentra e a classe média desaparece aceleradamente. A prolaterização cresce. Estamos a caminho de governos autoritários. Não há democracia sem classe média. O capitalismo devora a si mesmo, graças a Deus. O que existe é uma especulação desenfreada não produtiva, porque não há mais consumo.

O Direito Internacional Público em ma sociedade unipolar transforma-se em instrumento de dominação. Ele está entrando em uma transição profunda que talvez o liquide, e temo por ficar desempregado no fim da vida.

Noam Chomski (Contendo a Democracia, 2003) escreve que para os Estados Unidos "a diplomacia e o direito internacional sempre foram vistos como um estorvo incômodo, a menos que possam ser usados para obter alguma vantagem contra um inimigo".

Os Estados Unidos da América, demonstrando sua pouca "educação", são o poderoso arrogante.

Quem já viveu outras épocas considera a atual desanimadora. Vamos sobreviver, porque somos como ratos e proliferamos sem qualquer controle e inteligência.

Um grande internacionalista, Edward McWhinney já comparou o nosso momento histórico ao do fim da Guerra dos Trinta Anos, em que mudanças sociais são tão rápidas e profundas que transformam as instituições.

A minha felicidade é já estar no fim e tenho a intenção de não ver mais nada.

A depressão aumenta e encontro o trecho de uma entrevista de Jean-Paul Sartre no final de sua vida: 'O desespero vem tentar incessantemente, sobretudo quando se é velho e se pode pensar; ora, de todo modo, vou morrer dentro de no máximo cinco anos, na verdade penso dez anos, mas poderiam muito bem ser cinco. Em todo caso, o mundo parece feio, mau e sem esperança. Esse é o desespero tranquilo de um velho que morrerá dentro disso'. Sartre construiu uma esperança e eu que não tenho a sua inteligência só vejo o vazio, o nada, tão difícil de conceber".

Celso de Albuquerque Mello, um anos antes de sua morte no Rio de Janeiro, em 2003.

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