Helter Skelter. O último post não foi simplesmente o título de uma poderosa canção dos Beatles, mas sim a expressão da confusão, ou zona que foi essa última semana. Foi uma semana tensa, que eu mal tive tempo de me expressar neste blog, me limitando a postagens medíocres. Peço desculpa a você que entrou no blog nos últimos dias e se deparou apenas com um vídeo do poderoso chefão ou com uma notícia do STJ com uma foto do Mc Catra.
A semana foi turbulenta. Além das aulas na universidade, das tardes no escritório de advocacia, e das noites de quinta e sexta dando aula de inglês, tive uma prova de Direito Penal bem cruel, que me roubou a tranquilidade na noite de quarta, uma palestra na noite de terça sobre "sociedade de advogados" na OAB-Maringá e uma reunião na quinta à noite com alunos dos diversos anos do curso de Direito da UEM para a formação da chapa Vanguarda, que vai concorrer para o Centro Acadêmico ano que vem e que tem em mim a figura do Vice-Presidente.
Mas a confusão toda não está nessas atividades que citei. Longe disso. Aula, trabalho e reuniões eu tiro de letra. O problema surge quando se está diante de uma encruzilhada. Quando decisões precisam ser feitas. Decisões que vão, direta ou indiretamente, mudar os rumos da sua vida para sempre, nos moldes da insustentável leveza do ser de Kundera.
Pois bem. As novas possibilidade surgiram na quinta-feira de manhã, quando estava sentado em cima de uma mesa, estudando para a prova de direito penal que iria fazer, no corredor do bloco D-34. Durante aqueles minutos que fiquei ali sentado a Ana Paula (ex-colega do quinto ano) passou por mim e me chamou a atenção:
- Zanatta!
- Oi Ana, tudo bem?
- Zanatta, deixa eu te perguntar uma coisa. Você está fazendo estágio?
- Tô sim, num escritório de advocacia.
- E é remunerado?
- É pouco, mas é.
- Ah..
- Porque?
- Porque eu tenho um projeto de pesquisa com bolsa (PIBIC) sobre direito do trabalho que tem validade até agosto do ano que vem, mas preciso passar para alguém do quarto ano, pois vou me formar. Daí pensei em você.
- Nossa, um projeto com bolsa! Mas como funciona?
- Tá tudo feito, Zanatta. Eu fiz todas as pesquisas pois é o mesmo tema da minha monografia. Simplesmente tem que outra pessoa assumir e tocar o projeto até agosto do ano que vem, fazendo alguns relatórios simples com a Prof. Leda.
- Nossa..que engraçado você falar nisso..eu estive repensando minha condição no estágio e vendo se valia a pena ficar lá ano que vem, pois vai ser muito corrido.
- Então! E nesse projeto você trabalha em casa e recebe R$ 300,00 todo mês! Cai sempre na conta, sem falta.
- Nossa Ana.. e eu preciso te dar resposta agora?
- Não, eu preciso indicar alguém até o final do mês. Pensa e me responde depois.
- Tá, mas me deixa na sua lista preferencial, hein? Eu tô muito interessado.
- Pode deixar, Zanatta.
- Beleza então. Brigadão, hein.
- Té mais.
Ela desceu as escadas e eu comecei a vislumbrar a possibilidade de fazer parte desse projeto de pesquisa. Tudo se encaixava perfeitamente. Ano que vem terei 16 matérias, incluindo 4 aulas práticas no período da noite, mais a Monografia. Vai ser um ano infernal, considerando as recentes reformas na grade curricular, que exigem novas disciplinas como antropologia, psicologia forense, história do direito, etc.
Fiz a prova - mal pra cacete. Fui pra casa e fiquei pensando no que a Ana me falou. Parecia ideal. Eu poderia deixar o estágio, fazer minha monografia de tarde e continuar com minhas aulas de inglês, que me dão uma graninha e mantem meu contato com a língua.
De tarde liguei pra Ana do estágio. Conversamos mais. Mas daí ela me deu uma má notícia: o bolsista não poder ter nenhum vínculo empregatício ou carteira assinada. E eu tenho carteira assinada na Yes como professor de inglês. Ou seja, teria que largar o inglês para poder entrar nesse projeto de pesquisa como bolsista.
Mais uma dúvida surgiu. Largo ou não largo as aulas? Como vai ser ano que vem? Fico com as tardes livres pra pesquisa? Mas será que R$ 300,00 vai dar pra me manter? Será que não é muito pouco?
Saí pro centro pra fazer uns protocolos e retirar algumas certidões. Fiquei com aquilo me martelando, me sufocando. Voltei pro escritório. Quando cheguei lá, meu celular tocou.
- Alô.
- Alô, quem fala?
- Rafael.
- Rafael, aqui é a Marta do Departamento Jurídico da Caixa. O Dr. Furlan gostaria de falar com você.
- Ok... (pensando: o que? A Caixa agora? Depois de ter recusado a oferta de estágio três meses atrás?)
- Rafael Zanatta. Aqui é o Furlan, advogado. Como vai?
- Dr. Furlan! Tudo bem. Como que estão as coisas?
- Tudo bem... Rafael, vou direto ao ponto. Resgatamos a sua ficha na lista dos estagiários aprovados no teste seletivo pois preciso de um estagiário para trabalhar comigo aqui.
- Certo.
- E recebi algumas indicações de alguns estagiários sobre você. Você está estagiando?
- Sim.
- Onde?
- No escritório do Wilson Quinteiro?
- No Quinteiro! Então tá ganhando muito aí?
- Ô! Horrores - com um belo tom de ironia.
- Qual seria seu interesse de vir pro jurídico da Caixa, Rafael?
- Olha..eu estava pensando justamente hoje em talvez deixar aqui. Não como vai ser meu ano de 2010. Interesse existe sim.
- Eu preciso de alguém que entre pra ficar. E preciso rápido. Tem como você vir e conversar?
- Tem, claro. Amanhã?
- Sim, amanhã.
- 10 horas tá bom pro senhor?
- Estarei aqui te esperando.
- Combinado então. Até mais.
- Até.
Desliguei incrédulo. Em apenas uma manhã e tarde duas possibilidades de estágio e remuneração surgiram, justamente num momento onde estava repensando minhas condições no escritório. O destino adora pregar peças.
Fiquei com aquilo na cabeça. Conversei com amigos na internet. Liguei pro pai, pra mãe. Fui pra casa, conversei com a Pri.
No outro dia fiz a entrevista e de pronto respondi: quero trabalhar com você.
Muitas coisas pesaram, como a bolsa de R$ 640,00, o prestígio do jurídico da Caixa, e toda a história que tem se desenrolado desde Abril deste ano, envolvendo o processo seletivo lá.
Mas o mundo dá voltas. E o acaso parece se divertir brincando novamente com as possibilidades.
Segunda-feira encerro minhas atividades no escritório. E semana que vem começo mais uma jornada na minha vida profissional.
É isso.
A semana foi turbulenta. Além das aulas na universidade, das tardes no escritório de advocacia, e das noites de quinta e sexta dando aula de inglês, tive uma prova de Direito Penal bem cruel, que me roubou a tranquilidade na noite de quarta, uma palestra na noite de terça sobre "sociedade de advogados" na OAB-Maringá e uma reunião na quinta à noite com alunos dos diversos anos do curso de Direito da UEM para a formação da chapa Vanguarda, que vai concorrer para o Centro Acadêmico ano que vem e que tem em mim a figura do Vice-Presidente.
Mas a confusão toda não está nessas atividades que citei. Longe disso. Aula, trabalho e reuniões eu tiro de letra. O problema surge quando se está diante de uma encruzilhada. Quando decisões precisam ser feitas. Decisões que vão, direta ou indiretamente, mudar os rumos da sua vida para sempre, nos moldes da insustentável leveza do ser de Kundera.
Pois bem. As novas possibilidade surgiram na quinta-feira de manhã, quando estava sentado em cima de uma mesa, estudando para a prova de direito penal que iria fazer, no corredor do bloco D-34. Durante aqueles minutos que fiquei ali sentado a Ana Paula (ex-colega do quinto ano) passou por mim e me chamou a atenção:
- Zanatta!
- Oi Ana, tudo bem?
- Zanatta, deixa eu te perguntar uma coisa. Você está fazendo estágio?
- Tô sim, num escritório de advocacia.
- E é remunerado?
- É pouco, mas é.
- Ah..
- Porque?
- Porque eu tenho um projeto de pesquisa com bolsa (PIBIC) sobre direito do trabalho que tem validade até agosto do ano que vem, mas preciso passar para alguém do quarto ano, pois vou me formar. Daí pensei em você.
- Nossa, um projeto com bolsa! Mas como funciona?
- Tá tudo feito, Zanatta. Eu fiz todas as pesquisas pois é o mesmo tema da minha monografia. Simplesmente tem que outra pessoa assumir e tocar o projeto até agosto do ano que vem, fazendo alguns relatórios simples com a Prof. Leda.
- Nossa..que engraçado você falar nisso..eu estive repensando minha condição no estágio e vendo se valia a pena ficar lá ano que vem, pois vai ser muito corrido.
- Então! E nesse projeto você trabalha em casa e recebe R$ 300,00 todo mês! Cai sempre na conta, sem falta.
- Nossa Ana.. e eu preciso te dar resposta agora?
- Não, eu preciso indicar alguém até o final do mês. Pensa e me responde depois.
- Tá, mas me deixa na sua lista preferencial, hein? Eu tô muito interessado.
- Pode deixar, Zanatta.
- Beleza então. Brigadão, hein.
- Té mais.
Ela desceu as escadas e eu comecei a vislumbrar a possibilidade de fazer parte desse projeto de pesquisa. Tudo se encaixava perfeitamente. Ano que vem terei 16 matérias, incluindo 4 aulas práticas no período da noite, mais a Monografia. Vai ser um ano infernal, considerando as recentes reformas na grade curricular, que exigem novas disciplinas como antropologia, psicologia forense, história do direito, etc.
Fiz a prova - mal pra cacete. Fui pra casa e fiquei pensando no que a Ana me falou. Parecia ideal. Eu poderia deixar o estágio, fazer minha monografia de tarde e continuar com minhas aulas de inglês, que me dão uma graninha e mantem meu contato com a língua.
De tarde liguei pra Ana do estágio. Conversamos mais. Mas daí ela me deu uma má notícia: o bolsista não poder ter nenhum vínculo empregatício ou carteira assinada. E eu tenho carteira assinada na Yes como professor de inglês. Ou seja, teria que largar o inglês para poder entrar nesse projeto de pesquisa como bolsista.
Mais uma dúvida surgiu. Largo ou não largo as aulas? Como vai ser ano que vem? Fico com as tardes livres pra pesquisa? Mas será que R$ 300,00 vai dar pra me manter? Será que não é muito pouco?
Saí pro centro pra fazer uns protocolos e retirar algumas certidões. Fiquei com aquilo me martelando, me sufocando. Voltei pro escritório. Quando cheguei lá, meu celular tocou.
- Alô.
- Alô, quem fala?
- Rafael.
- Rafael, aqui é a Marta do Departamento Jurídico da Caixa. O Dr. Furlan gostaria de falar com você.
- Ok... (pensando: o que? A Caixa agora? Depois de ter recusado a oferta de estágio três meses atrás?)
- Rafael Zanatta. Aqui é o Furlan, advogado. Como vai?
- Dr. Furlan! Tudo bem. Como que estão as coisas?
- Tudo bem... Rafael, vou direto ao ponto. Resgatamos a sua ficha na lista dos estagiários aprovados no teste seletivo pois preciso de um estagiário para trabalhar comigo aqui.
- Certo.
- E recebi algumas indicações de alguns estagiários sobre você. Você está estagiando?
- Sim.
- Onde?
- No escritório do Wilson Quinteiro?
- No Quinteiro! Então tá ganhando muito aí?
- Ô! Horrores - com um belo tom de ironia.
- Qual seria seu interesse de vir pro jurídico da Caixa, Rafael?
- Olha..eu estava pensando justamente hoje em talvez deixar aqui. Não como vai ser meu ano de 2010. Interesse existe sim.
- Eu preciso de alguém que entre pra ficar. E preciso rápido. Tem como você vir e conversar?
- Tem, claro. Amanhã?
- Sim, amanhã.
- 10 horas tá bom pro senhor?
- Estarei aqui te esperando.
- Combinado então. Até mais.
- Até.
Desliguei incrédulo. Em apenas uma manhã e tarde duas possibilidades de estágio e remuneração surgiram, justamente num momento onde estava repensando minhas condições no escritório. O destino adora pregar peças.
Fiquei com aquilo na cabeça. Conversei com amigos na internet. Liguei pro pai, pra mãe. Fui pra casa, conversei com a Pri.
No outro dia fiz a entrevista e de pronto respondi: quero trabalhar com você.
Muitas coisas pesaram, como a bolsa de R$ 640,00, o prestígio do jurídico da Caixa, e toda a história que tem se desenrolado desde Abril deste ano, envolvendo o processo seletivo lá.
Mas o mundo dá voltas. E o acaso parece se divertir brincando novamente com as possibilidades.
Segunda-feira encerro minhas atividades no escritório. E semana que vem começo mais uma jornada na minha vida profissional.
É isso.
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