José Joaquim Calmon de Passos (1920-2008)
"Nunca fomos tão liberados, em compensação nunca fomos menos livres. A liberdade se é vivida individualmente só pode ser assegurada socialmente, como lembra Zygmunt Bauman, e não dispomos mais de espaços sociais em termos políticos. Hoje são os shoppings, as casas de show e os estádios os lugares em que nos encontramos, não para decidir sobre nossos destinos, mas para nos esquecermos momentaneamente da perda do poder de decidir sobre nossos próprios destinos, enquanto nutrimos o monstro que nos devora.
Podemos, em face desse desafio, assumir duas atitudes: a do pós-modernismo celebratório, que vive o presente e a embriaguez das conquistas tecnológicas. Aderirmos à cultura do instante e da fulguração, reduzindo a história à dimensão medíocre da nossa própria vida pseudo-humana. Ou recusarmos esta auto-imolação e adotarmos uma postura de resistência e de esperança. O passado nos ensina que sobre a ruína de toda civilização os homens souberam reconstruir outra que passou a ser a casa em que habitaram. O fim disto ou daquilo não significa o fim dos tempos ou o fim da história. Muito menos o fim da espécie humana."
Calmon de Passos em palestra genial antes de sua morte, mostrando o dedo do meio e criticando a reforma do Poder Judiciário. Impagável.
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