TRÂNSITO MARINGAENSE

Hoje fui acordado com uma má notícia. Meu pai bateu na porta, oito da manhã:
-Rafa, o Seu Antonio morreu.


Seu Antonio Cateza sempre foi um vizinho muito bacana. Velinho, magrinho, fumava uma carteira de Marlboro por dia. O velho era uma máquina. Eu sempre brincava: A Marlboro deveria contratar o Seu Antonio como garoto propaganda! Ele é a contra-prova de que o cigarro mata! Olha só o velhote pitando um cigarro numa boa!

Obviamente pensei: minha teoria foi por água abaixo. O Seu Antonio deve ter morrido de câncer no pulmão, beirando os oitenta anos. Mas não! Ele foi vítima do trânsito truculento maringaense. Trânsito assassino, insano.

Seu Antonio era aposentado. Todo dia depois do almoço ele ia pra lanchonete/bar do filho, chegando no balão do São Francisco da Av. Morangueira. Ele passava as tardes lá, jogando prosa fora, fumando um cigarro e jogando uma sinuca. Nunca bebia. Entre 9 e 10 da noite, sempre voltava, pegando um ônibus e parando há quase uma quadra de casa. Ontem, foi atingido por um carro numa velocidade absurda. Ele estava na faixa de pedestre da Av. Morangueira, numa boa, 10 da noite. O carro freiou por mais de quarenta metros, segundo a perícia. Quer dizer, o cara tava correndo mesmo.

É um escroto mesmo. Tá certo que parou pra prestar socorro, mas pra quê correr tanto assim? Os idosos não tem reflexo suficiente pra dar um pique e correr da possível batida. Atropelou o Seu Antonio, que ficou sofrendo com diversos ossos quebrados, fraturas expostas, até a madrugada, quando não aguentou e faleceu no hospital.

A campanha Viva e Deixe Viver estava comemorando as três mortes a menos que 2007 teve comparado com 2006. Bom, não há mais motivos pra comemorar, não? Foram três mortes, de idosos, em apenas dois dias. Parabéns motoristas.

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