Amigos, confesso que as coisas não estão fáceis nessa nova jornada. O aluguel e a taxa de condomínio de nosso apartamento são altíssimos (em razão de sua localização e da bolha imobiliária em São Paulo) e os gastos com alimentação e transporte, apesar de serem modestos - pois comemos o básico e só utilizamos o transporte público -, acabam pesando no orçamento.
O leitor poderia contra-argumentar de imediato: "Porque você não arruma um emprego, seu vagabundo?", mas a questão não é tão simples assim. Na fase final de seleção do Mestrado em Direito da Universidade de São Paulo aceitei as condições que me foram impostas: primeiro, de ser monitor de "Sociologia Jurídica" na graduação; e, segundo, de ter dedicação à pesquisa, sem recorrer a um vínculo formal empregatício.
A opção de um trabalho num escritório das 09h as 17h está, portanto, descartada. Não dá. Tenho aulas no período da manhã e da tarde no meio da semana.
Qual seria então minha opção? Bolsa de estudos oferecidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) ou pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq)?
É claro que vislumbro uma das duas. O problema é que o edital de abertura iniciou agora e o resultado sai pouco antes do final do primeiro semestre. Ou seja, caso eu venha a me tornar mestrando bolsista, só terei renda por meus projetos acadêmicos a partir de Junho. Isso na melhor das hipóteses: que meu projeto seja aceito e financiado.
Até lá? O que fazer?
Pensei em algumas alternativas, como trabalhar como de tradutor de textos em inglês e italiano, ou mesmo ganhar alguma coisa com o blog, através de propagandas pagas pelo Google AdSense (o que infelizmente desvirtuaria o propósito inicial do blog de ser um veículo independente e sem qualquer objetivo comercial). Pensei também em procurar algumas escolas de inglês pra dar aula - algo que fiz durante todo o ano de 2009 -, mas não sei até que ponto isso pode me atrapalhar nos estudos. Além do Mestrado, tem um tal de Exame da Ordem dos Advogados para ser feito ainda nesse mês - e a primeira prova é domingo, o que levanta a seguinte questão: eu não deveria estar lendo o Código Processual Civil ao invés de escrever esse texto?
A resposta da pergunta anterior é simples. Estou num impasse financeiro, o que me incomoda profundamente. Estou de mãos atadas numa cidade cheia de oportunidades. A escolha pela razão jurídica e pelo direito como ciência (ao invés do direito como técnica) implica numa série de exclusões. Eis aí o meu drama sartriano da liberdade: minhas escolhas cabem somente a mim mesmo e sou inteiramente responsável por essas escolhas (diria Sartre: "não somos aquilo que queremos ser, mas somos o projeto que estamos vivendo e este projeto é uma escolha, cuja responsabilidade é apenas do próprio homem"). Há uma angústia em cada escolha, sabendo-se que cada uma implica no abandono de todas as outras possibilidades.
Minha condição é essa: estou condenado pela minhas escolhas. Só não estou desamparado, pois há muitos portos-seguros. Em termos financeiros, posso contar com o apoio de meus pais, apesar do incômodo que isso me causa.
A questão é: há outra alternativa? Cosa devo fare?
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