Os Bandidos Molhados - Sagaz!

Na semana passada, Murilo Benites, (jornalista e músico) me lançou uma tarefa difícil. Antes do lançamento oficial do terceiro EP de sua banda Os Bandidos Molhados, que ocorreu dia 08 deste mês, ele me enviou as três faixas que integram o disco e me pediu que escrevesse um release.

"Bem bolado. Deixam sempre a torneira aberta, agora nós sabemos quais as casas que vocês roubaram!"

Em meio à loucura do prazo final para entrega do projeto final da minha monografia, encontrei tempo para colocar os fones de ouvido e apreciar o surf music dessa excelente banda de Maringá. E além de ouvi-los, abri minha mente para tentar descrever o álbum de forma objetiva. O resultado é o texto abaixo, publicado no blog da banda no lançamento do disco, que pode ser baixado aqui, no site da Reverb Brasil.

RELEASE DE SAGAZ! - OS BANDIDOS MOLHADOS - 08/04/2010

Existem bandas que conseguem ultrapassar o sentido da audição. Vão além. As frequências sonoras transcendem esse incrível poder sensorial (o da audição) e conseguem criar ambientes, te transportam pra determinados lugares, te fazem ver coisas. Os Bandidos Molhados é uma dessas bandas. Esse quarteto do interior do Paraná faz isso com maestria desde o início de 2009 e transforma o barro roxo da cidade de Maringá em areias douradas da costa californiana. Ouvir o terceiro EP da banda, Sagaz!, lançado depois de Nós Somos os Bandidos Molhados (jul/2009) e De Cienfuegos La Habana (out/2009), é uma experiência sonora e visual. Impossível não se sentir em alguma cena de Pulp Fiction com o som desses rapazes. Impossível não bater os pés no ritmo da bateria acelerada de Marco, no baixo linear e denso de Caio e nas notas das guitarras reverberadas de Benites e Vinnie.


Ouvindo Sagaz!, mostram-se claras as influências de Dick Dale e Surfaris nas três músicas que integram o EP. A faixa de abertura, que leva o nome do disco, tem por base um marcante riff de guitarra decrescente em escala pentatônica, acompanhado por uma linha de baixo de três notas constantes. A bateria não para de comer enquanto a guitarra solo brinca com harmonias bacanas. Miami Beach já mostra um Bandidos Molhados mais produzido, com guitarras separadas em canais e uso meia-lua na percussão no início da música. O riff crescente mistura-se com guitarras em bends durante um minuto e meio de viagem sonora. Caixote Open, terceira faixa, já abusa de palminhas, notas mais agudas nas guitarras e palhetadas aceleradas dick-dalianas. A bateria e o baixo formam a cozinha ideal, agressiva e pesada, dando espaço para as variações melódicas da guitarra solo, que varia do surf pro country-rock de forma prazerosa.


De cara, percebe-se um Bandidos Molhados mais agressivo, afastando-se um pouco do cool-surf do The Tornadoes perceptível nos EPs anteriores (como na faixa O Vôo da Gaivota, do primeiro disco), aproximando-se do instrumental do The Trashmen – do clássico Surfin’ Bird - com uma vertente mais rock.


Eles são Os Bandidos Molhados: piás sagazes que vieram para surfar em terras vermelhas.

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