tag:blogger.com,1999:blog-7948242800198496134.post1087476625898262168..comments2023-12-02T01:21:34.185-03:00Comments on e-mancipação: O "presente incendiado" de Maputo sob o olhar de Amanda RossiRafael A. F. Zanattahttp://www.blogger.com/profile/00134526393445294143noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7948242800198496134.post-37159996258192647052010-09-16T13:03:07.114-03:002010-09-16T13:03:07.114-03:00Sim, foi a revolta popular mais louca que já vi na...Sim, foi a revolta popular mais louca que já vi na vida. No calor do momento e no frio da reflexão. Mas, por quê? Passei quase 6 meses em Moçambique, sem ver um protesto, uma manifestação (exceto dos persistentes Madjermanes, espero algum dia poder contar a história deles), nem sequer uma discussão exaltada sobre política em mesa de bar. Passei 6 meses ouvindo histórias de pessoas que calaram quando poderiam denunciar. <br /><br />Apenas 6 dias antes das revoltas, entrevistei o rapper moçambicano Azagaia, que não tem papas na língua, e perguntei a ele se o povo realmente se fazia no poder (uma de suas músicas se chama Povo no Poder), se ele não achava que havia poucas manifestações e reivindicações públicas no país. Apenas 1 dia antes das revoltas, entrevistei um dos membos dos Madjermanes e perguntei a ele por que havia tão poucas manifestações em Moçambique e os Madjermanes eram exceção. <br /><br />E, no dia 01/09, o povo moçambicano me dá uma grande lição, um tapa na cara. Depois de 6 meses no país, eu achava que a sociedade moçambicana não se manifestava. Mas, sim, se manifesta, luta, e com a maior força que eu já vi. Mulheres, homens, crianças montaram barricadas, colocaram fogo em pneus, enfrentaram as balas reais da polícia (a Liga dos Direitos Humanos e o Centro de Integridade Pública lastimaram a violência policial). Se fizeram ver, ouvir, sentir. Pararam a cidade. Deixaram com medo os que não tem fome. Ganharam apoio dos que não tem fome. Isso tudo sem uma organização, sem um sindicato, sem uma liderança, sem grupo nenhum por trás. Só com a força da indignação. <br /><br />É verdade que escrevo de forma muito romântica sobre a revolta popular de Maputo. Houve erros, excessos, lacunas, não nego. Mas, para mim, nada deslegitima esse movimento espontâneo e vitorioso, essa prova de força do povo moçambicano.Amanda Rossinoreply@blogger.com