Maringá em análise urbanística


Maringá, também conhecida como "Cidade Verde", é um município que se vangloria por alguns aspectos de planejamento urbano, como a de ser uma das cidades mais arborizadas do mundo, por ter espaços de preservação ambiental (Parque do Ingá, Parque das Grevílheas e Bosque dos Pioneiros) e por possuir bairros previamente projetados, garantindo aos moradores mobilidade, através de suas largas ruas e avenidas, e fácil acesso ao centro comercial.

Mas nem tudo são flores. Maringá, apesar de ser fruto de um belo projeto do arquiteto paulista Jorge Macedo Vieira (influenciado pelas teorias urbanas das "cidades-jardins" de Ebenezer Howard), apresenta alguns problemas urbanos, que ganharam relevo após a institucionalização da região metropolitana em 1998, resultado do crescimento econômico da cidade. Um deles é o transporte público, que recebe pouca atenção do governo local. Além de ser caro, não apresenta um sistema integrado -  por exemplo, o trabalhador que reside em Sarandi tem que tomar um ônibus até o terminal central de Maringá e, depois, pagar nova tarifa para outro ônibus até o local de trabalho.

Ao lado dessas questões acerca da gestão de serviços essenciais (como o transporte), há ainda a segregação residencial na aglomeração urbana de Maringá. Apesar de ser considerada uma cidade "sem favelas", a região central de Maringá - isto é, a "projetada" - é ocupada somente por pessoas de alta renda. As classes média e baixa ocupam os bairros periféricos. A essa situação, soma-se o fato de grande parte da massa operária residir em cidades vizinhas, como Paiçandu ou Sarandi, que apresentam baixos índices econômicos. Ou seja, Maringá é uma cidade rica, mas a pobreza mora ao lado.

Todos esses temas que comentei - e muitos outros que não fiz menção - são discutidos pelo ex-aluno de Arquitetura da Universidade Estadual de Maringá e hoje acadêmico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Paulo Catto, em seu blog - destinado a discutir de forma ampla seu trabalho de conclusão de curso.

Lá, Catto examina não só questões urbanísticas de Maringá, mas analisa de forma crítica a Região Metropolitana de Maringá - em especial as quatro cidades “conurbadas” (Paiçandú, Maringá, Sarandi e Marialva). Como ele bem ressalta, "devido à falta de integração administrativa e política, problemas sociais se agravam e tensões podem estar sendo alimentadas. Não se pode seguir tratando a RMM de maneira desintegrada e esperar que Maringá e as outras cidades se desenvolvam saudavelmente assim. Cabe questionar se o que acontece é ausência de planejamento urbano ou se o próprio planejamento é usado para manter as coisas como estão".

O blog, que contém diversos dados e excelentes reflexões sobre desenvolvimento urbano, é aberto à discussão.

Se você se interessou pelo tema, passe lá e colabore com sua pesquisa. O labor em conjunto (co-laborar) só vem a somar em discussões complexas como esta. Afinal, não é fácil responder a questão de "quais e como são os espaços urbanos apropriados para serem nós de articulação intermunicipal e regional" , formulada por Catto.

2 comentários:

  1. Um exemplo de como é ridícula essa região metropolitana é o contorno norte que está sendo construído: desvia o tráfego pesado da Avenida Colombo no centro de Maringá, enquanto o trecho da Colombo sarandiense continua do mesmo jeito. Por que um investimento federal não contemplou as duas cidades com uma única obra?

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