Filho de Doutora

Ainda não entramos de férias na Universidade Estadual de Maringá. Falta pouco. Dizem que as férias começam no dia 08 (quinta-feira), mas eu não sei ao certo.

Ocorre que não ficarei essa última semana em Maringá, pois tenho um compromisso nobre em Curitiba no mesmo dia que a UEM encerra as aulas.

As 08h30min no campus de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná minha querida mãe, Prof. Marcia Regina Ferreira, fará a defesa de sua tese "Comunidades rurais de Guaratuba-PR: Os limites e as possibilidades da extrativista como meio de vida no contexto do desenvolvimento rural sustentável" para obtenção do título de Doutora em Ciências pela Federal do Paraná.

É uma grande honra para toda a família. Se tudo der certo, serei filho de Doutores! - veja só que bacana! - E Doutores que não são advogados ou médicos que se gabam por um título acadêmico que não possuem, mas pessoas que dedicaram parte de suas vidas para a construção de um saber científico que tenha retorno para a sociedade através de uma tese.

Admiro muito meus pais pela humildade que possuem. Esses sim são os verdadeiros Doutores.

Bom, quem conhece minha mãe deve estar estranhando o fato do Doutorado ser em Ciências Agrárias, em razão de sua formação como Administradora e Mestrado em Administração Pública (UEM/UEL), com orientação do Prof. João Luiz Passador.

Deixe-me explicar. Sua tese, na verdade, é interdisciplinar e o Doutorado (orientado pela Dr. Raquel Negrelle) é na sub-área de Agroecologia. Dentro desta vertente, o trabalho voltou-se à análise do desenvolvimento sustentável não pelo viés somente dos produtos florestais não madeiráveis (muitos estudos atentam somente para a sustentabilidade dos elementos florestais), mas sim pelo viés da sustentabilidade social e econômica da comunidade tradicional (também chamados de caiçaras), historicamente excluídos e pouco estudados pela academia brasileira, tradicionalmente fechada em grandes centros e capitais. Ou seja, é um trabalho que lança um olhar crítico à Administração Pública, que marginaliza e exclui as comunidades rurais do litoral paranaense, e propõe uma nova visão dentro da Agroecologia, em prol do melhor desenvolvimento da relação homem e natureza, junto à educação ambiental e participação democrática das comunidades nas propostas de regulamentação da floresta paranaense, eis que existem centenas de pessoas que habitam lá e dependem daquele pedaço de terra para sua subsistência.

Como se pode notar, é uma tese que não fecha no ambiente acadêmico, mas propõe novas políticas públicas e maior atenção à comunidade de Guaratuba e região.

Isso sim é pesquisa que traz retorno à sociedade. Essa é a razão de ser de uma Universidade pública. Afinal, ela se utiliza de recursos públicos oriundos de tributos de toda a população para a melhoria de nosso mundo.

Portanto, é com muito orgulho que eu assumo: sou filhinho de Doutora.

Em breve relato como foi a sabatina com os Professores da banca!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. e eu norinha!

    hehehe

    Força Márcia!

    Chegou a hora de todos os refluxos, ansiedades, medos, noites mal-dormidas, e tantas outras inconveniencias que fazem parte desse processo, valerem a pena!

    Agora tu é Doutora, malandra!!!!!!

    Parabéns, sogra. Você merece

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  3. E nem tem uma foto da família pra gente ver? hahaha

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