Os turcos, as facas e o rock presidencial

O título não faz o menor sentido, mas talvez sintetize o que foi a noite de ontem no Tribo's Bar em Maringá.

Noite de festa no bar de rocknroll mais tradicional de Maringá (graças ao Juninho que há dezesseis anos mantem uma casa de shows de qualidade para quem apoia a música independente) com uma banda da cidade (Família Palim), uma de Umuarama (Nevilton) e outra de Campo Grande (Facas Voadoras).

"Você vê que uma banda é madura quando os caras usam sapatos, ao invés de tênis"

E que saudades de ouvir a Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia ao vivo. Fizeram uma daquelas apresentações inesquecíveis, principalmente pelo fato do prato da bateria ter caído duas vezes e cortado dois cabos p10-p10 da guitarra de Toy! Algo inédito. Eu nunca tinha visto algo assim. Não sabia que os pratos poderiam ser tão afiados.

Os turcos não haviam subido ao palco neste ano de 2010 e fizeram um show cheio de energia, troca de sorrisos e muitos riffs de guitarra. Aliás, as músicas novas estão com uma pegada muito mais hard rock (vide AC/DC) do que o pós-punk oitentista presente no primeiro disco da banda.

A banda tem postura (Bigão e Fernando são inimitáveis) e chama atenção pelos diversos efeitos que o guitarrista Toy utiliza nas músicas, transformando um simples riff de guitarra numa ambientação rica em timbres.

Além dos efeitos e do talk box, é impossível não ficar boquiaberto com o Teremim, instrumento russo que produz som sem contato físico, utilizado pela banda em uma de suas músicas. É coisa de louco mesmo.

"Toy, o Jaspion da tecnologia musical"

Os Palins ainda chamaram ao palco pra tocara música Indie D+ Lucas Dolis, vocalista da banda The Cockroaches e da banda Alces, banda experimental da cidade.

"Isso é indie demais!"

Depois, até eu acabei subindo no palco com os turcos para cantar Esse sim é um grande..., música do primeiro disco da banda de 2006 e um clássico absoluto que embalou grandes festas universitárias lá na República Frank The Tank.

No geral, os Palins mesclaram músicas dos seus dois primeiros discos (A Sexta Geração da Família Palim do Norte da Turquia e ¿Por que no te callas?) com músicas inéditas do novo álbum que irá ser lançado ainda esse ano em Maringá.

Camarão ainda fez um solo de bateria rushiano que empolgou a galera.

"Quem disse que punk rock não tem solo de bateria?"

Pouca gente se ligou, mas o batera dos palins homenageou Neil Peart no clássico solo de bateria em "YYZ".

Após quase uma de apresentação, a Família Palim encerrou sua brilhante apresentação e abriu espaço para os roqueiros campo-grandenses da banda Facas Voadoras.

"Ser corno ou não ser? Eis a minha indagação!"

Com uma sonoridade muito garagista, com fortes influências de Motorhead, Strokes e Kings of Leon, ao mesmo tempo que nos remete aos primórdios dos Los Hermanos em algumas composições, como em 1:54.

O Facas Voadoras fez um show conciso, acelerado e com muita distorção. O trio de Mato Grosso do Sul fez muito barulho no palco do Tribo's e foi bem recebido pelo público local, apesar de poucos conhecerem o trabalho da banda, que não havia adentrado no eixo paranaense da música independente.

Lá pelas três e pouco da manhã, o "fenômeno" do indie rock nacional subiu ao palco para mais uma apresentação na Cidade Canção.

"Nevilton, vestindo toalha de mesa de piquenique"

Diga-se, de passagem, que o trio de Umuarama demora pra voltar à Maringá, pois estão com a agenda cheia para a divulgação do disco Pressuposto (que eu comprei por R$ 5,00 ontem). Eles vão pra Goiânia (21/05), Brasília (22/05), Belém (23/05), Foz do Iguaçu (29/05), Londrina (04/06), Paraíso do Norte (14/06), Porto Velho (19/05) e até Jiparaná (24/06)!

A banda, ontem, fez mais uma apresentação animada, interagindo muito com o público, com os tradicionais pulos e o indefectível copo de coca-cola com conhaque Presidente, o que origem ao termo "rock presidencial", hoje em propagação pelo Brasil.

"Em ano eleitoral, o conhaque Presidente está em alta!"

O bar, mesmo perto das quatro horas da manhã estava cheio e com razão. Nevilton (não só o cara, mas a banda) é uma atração imperdível ao vivo.

E Maringá parece ser mais o lar de Nevilton do que a simpática Umuarama - capital da Amizade. O público da banda é fiel na Cidade Canção e comparece em peso nos eventos em que o grupo está presente.

Ontem não foi diferente. O bar inteiro cantou, dançou, se divertiu.


Outro lance interessante foi o número de bandas lá presentes pra prestigiar o evento. Confirmando a teoria de Andye Iore (jornalista que estava lá também), "se todas as bandas independentes de Maringá forem em todos os shows, a casa sempre vai estar cheia".

Não que todo mundo estava lá. Longe disso. Mas pelo menos a galera do Hospital Doors, do The Cockroaches e do Eco Estático estava lá (e com certeza outros membros de outras bandas estavam, mas agora me falhou a memória).

O Flávio da Sonic Flower também deu uma força ao evento, divulgando e comparecendo pra ouvir o cult Nevilton.

Enfim, o espírito é esse. Ir pras festas, ouvir as bandas bacanas e genuínas, ajudar comprando EP (afinal, não é só de cachê que vive uma banda) e divulgar no boca-a-boca. (ex: Já ouviu Nevilton? Não? Nossa, cara você tem que ouvir! Deixa eu te passar umas mp3s)

É assim que vai.

A cena independente só se sustenta assim, sem o poderio do capital e da massificação cultural.

É assim aqui, em São Paulo, em Londres.

Enfim, Maringá teve mais uma noite digna. E a gente agradece.

"A alegria é contagiante! Coisinha linda de Deus! (ALENCAR, Nevilton)"

Valeu Família Palim, Facas Voadoras e Nevilton!

12 comentários:

  1. Pelo visto foi uma bela noite!
    Eu até falei que ia e acabei não podendo comparecer...
    Outras oportunidades virão!

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  2. Três indagações sobre o post, meu caro irmão:

    1ª Nevilton é INDIE? COMO ASSIM?
    2ª Como é que você cita Andy e Sonic Flower no mesmo post? TA MALUCO, PORRA? (to zuando)
    3ª Você estava usando gravata mesmo ou é impressão minha?

    Um beijo

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  3. Caçarolas! Tb não deu preu ir... =/

    Ele chegou a anunciar a próxima no tribão ou nem?

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  4. HAHHAHAHA!

    Respondendo as perguntas do Nanan, Sr. Mente-Criativa:

    1. Se Nevilton não é indie ele é o que?

    2. Citar Andye e Flávio num mesmo posto é meio inusitado, mas os dois estavam lá curtindo o som!

    3. Eu tava de gravata, porque sou o fino do brega.

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  5. Ah, esqueci de falar!!

    A Pri comprou uma camiseta do Nevilton! Agora o cara vai ficar mais conhecido na UEM!

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  6. aUHUIHAUAH! seu comentário último foi mais estilo que os do renan!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Adoro ler seus textos, inclsive os comentários. sempre acabo me divertindo muito.
    bjs

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  9. É, Rafael, pena q algumas bandas ainda não sacaram isso...
    e pare de rebaixar o meu trabalho!

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  10. Andye, seu sacana! Desde quando eu rebaixo seu trabalho? Eu sempre louvo ele!

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  11. Infelizmente perdi a festança... uma pena... Vamos que vamos!

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